O relatório apresenta o cenário atual da piscicultura nos nove estados da Amazônia Legal, além da linha do tempo sobre o desenvolvimento da piscicultura na região
Da redação da Comunicação do Programa LBA
Apesar da Amazônia Legal possuir condições favoráveis para atividade de piscicultura, a produção de peixes está estagnada há uma década, oscilando entre 160 a 170 mil toneladas. Essa é uma das conclusões do relatório técnico elaborado com a participação do gerente científico do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA/Inpa-MCTI), Bruce Forsberg. O relatório intitulado “Solução debaixo d’água: o potencial esquecido da piscicultura amazônica” foi desenvolvido pelo Instituto Escolhas e publicado em agosto deste ano.
O estudo mapeou 61.334 empreendimentos de piscicultura na Amazônia Legal. A maioria deles é classificado na categoria de pequenos produtores, representando 95,8%, com áreas de até 5 hectares.
A Amazônia Legal ocupa uma área que abrange nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e parte do estado do Maranhão.
Cenários
A partir da análise das condições necessárias para a produção de peixes nativos da Amazônia e seu impacto nas cadeias produtivas, o estudo avaliou os dados da produção piscícola por estado.
Os dados foram obtidos por meio da reunião e consolidação de diversas fontes, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra), o Censo Agropecuário (2017) e a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBr). Esse conjunto de dados possibilitou a construção de um cenário da piscicultura regional, incluindo uma linha do tempo sobre o desenvolvimento da atividade na Amazônia Legal.
As principais espécies cultivadas na região são o tambaqui, tambacu, pintado amazônico, matrinxã, tambatinga, curimatã e piau pintado. O estado de Rondônia, o maior produtor atual, produz apenas duas espécies, o tambaqui e o matrinxã.
De acordo com o relatório, para fortalecer a piscicultura de espécies nativas da Amazônia, é necessário aumentar a escala de produção, de forma a abastecer a industrialização e, assim, conquistar o mercado nacional. Para tanto, é preciso tornar o cultivo de peixes atraente e rentável, principalmente para os pequenos produtores.
De acordo com Bruce Forsberg, a piscicultura representa uma fonte de proteína animal mais sustentável do que a bovinocultura, pois utiliza menos terra e gera menos gases de efeito estufa por quilo de carne. No entanto, para ser sustentável economicamente, a piscicultura requer investimentos e estratégias para aumentar a produtividade da atividade.
Projeções
Para o desenvolvimento da atividade de piscicultura na Amazônia Legal, é necessário alcançar novos mercados, consolidando-se regionalmente e adquirindo competitividade nacional. Segundo o relatório, o ideal é que isso seja alcançado nos próximos dez anos, tornando a atividade essencial para a bioeconomia na Amazônia.
“Simulações realizadas pelo estudo mostram que , sem uma intervenção estratégica de larga escala, a piscicultura amazônica vai seguir estagnada, saindo de 172 mil toneladas para 180 mil toneladas em 2034 (um crescimento de apenas 4,6% em uma década)”, aponta o relatório.
Como soluções, o estudo sugere algumas medidas, como capacitação dos pequenos e médios produtores, apresentação dos peixes amazônicos ao consumidor final em diversos cortes e formatos de processamentos (congelados, empanados, defumados, etc.), alinhadas a estratégias de marketing, especialmente porque muitas espécies de peixes amazônicos são pouco conhecidas pelos consumidores de outros estados.
“Somente com a adoção de estratégias imediatas e de larga escala, capitaneadas pelos governos federal e estaduais, o Brasil será beneficiado pela força de uma cadeia produtiva capaz de fomentar a biodiversidade, contribuir para a segurança alimentar das populações amazônicas e abrir espaço para a recuperação da floresta”, conclui o relatório.
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